11.5.09

Grass-roots para inglês ler

The proliferation of independent candidates and dozens of new parties represents a grass-roots movement in which bankers, business leaders, socialites, artists and others sense increasing political opportunity in a country where power has often been wielded by dynasties.
Esta reportagem do Washington Post confunde algo fundamental. O "grass-roots movement" a que se refere na política indiana não é nada novo. É o já muito estudado democratic upsurge a que se assiste nos últimos anos, especialmente no Norte da Índia, com a mobilização dos intocáveis (ou dálitas) e outros grupos tradicionalmente desfavorecidos. O BSP de Mayawati é o caso mais conhecido.

Esta Mona Shah, no entanto, que surge como um exemplo neste artigo, é uma cirurgiã de classe média, se não alta, totalmente ocidentalizada, que não tem hipótese nenhuma de ganhar mais do que um punhado de votos naquele bairro em que faz campanha. O vídeo associado ao artigo é simbólico: ela fala em hindi, num bairro qualquer, mas ninguém lhe liga - estas pessoas já sabem em quem votam, ou seja, nos magnatas locais.

Depois, já em inglês e em frente à câmara ocidental, exprime-se com uma fluência e um à-vontade impressionante - articulando um discurso que pode ser interessante para correspondente e leitor norte-americano, mas totalmente desapropriado e desinteressante para nove em dez eleitores indianos. Talvez em Leicester, no Reino Unido, faria sentido, mas na Índia é um discurso marginal.

O que a jornalista do Washington Post procurou explorar é o novo activismo e interesse político das novas gerações de indianos. Mas o político está longe de ser sinónimo de partidário ou eleitoral e, por isso, a nova forma de pensar e fazer política na Índia está ainda longe de se traduzir em impacto partidário - veja-se os programas eleitorais e discursos dos principais partidos, por exemplo.

Sem comentários:

Enviar um comentário