19.5.09

Lalu, where are you?


De ministro-coqueluche e ícone carismático no mundo da gestão e marketing indiano (um suposto "sucesso" à frente do importante ministério dos caminhos-de-ferro), Lalu sucumbiu ao voto útil e à força do seu novo avatar Nitish Kumar (Janata Dal, U) no Bihar. E agora, na dança das cadeiras, é bem possível que fique de fora:
Lalu' or`No Lalu'. These words might be a thing of discussion when Congress bosses would sit in Delhi to give final touches to the names which would be included in the new Union cabinet. However, if the Congress leaders from Bihar have their way, RJD chief Lalu Prasad would not find any place, not only in the Union cabinet, but also in the UPA fold.

Nova geração

Não há dúvida de que o Congresso avançou para estas eleições com um perfil e leque de candidatos bem mais jovem do que o BJP e a maioria dos outros partidos da oposição. Em grande medida, deve isso às lógicas dinásticas regionais que suportam o Congresso - há muitas mais mini-dinastias que replicam o monopólio nacional dos Nehru-Gandhi ao nível estadual e sub-estadual.

Se isso teve um impacto positivo entre o eleitorado já é uma questão mais complexa, mas é bem possível tendo em conta que metade dos indianos tem menos de 30 anos de idade. Até na liderança o Congresso apresentou-se mais jovem, com Manmohan (76) vs. Advani (81)!

Este debate na NDTV, com Sachin Pilot (INC, Rajastão) é interessante.

18.5.09

Rupia em alta

Os mercados efusivos:
“A stable, pro-reform government is just what India required amid signs of economic expectations bottoming out to inspire investor confidence,” said Priyanka Chakravarty, an analyst at Standard Chartered in Mumbai. “We view this as a positive development for Indian markets and the rupee, providing the much required extra push to the wall of money that has been waiting to buy.”

3 perguntas

No Público de ontem:

Três perguntas a Constantino Xavier, do Instituto Português de Relações Internacionais

Os vencedores estão "absolutamente confortáveis"

Como se explica esta vitória surpreendente do Congresso?
Acho que há três factores. O primeiro tem a ver com a liderança. Desde o início que o Congresso identificou os seus líderes: [O primeiro-ministro, Manmohan] Singh, com o seu perfil burocrático e técnico, Sonia Gandhi, a grande obreira da coligação, e depois Rahul Gandhi. O BJP [nacionalista hindu, na oposição] tinha só Advani, que enfrenta grande oposição.
Segundo, o Congresso forjou uma coligação pré-eleitoral, enquanto o BJP entrou muito sozinho e perdeu com isso [a derrota no estado de Orissa é um exemplo]... E, em terceiro lugar, há a conjuntura económica. O crescimento manteve-se à volta dos quatro, cinco por cento, e não havia incentivos suficientes para arriscar uma mudança, que neste momento é perigosa. Há uma tendência para partidos tecnocráticos de centro, porque as pessoas não estão dispostas a arriscar.
Evitou-se então a fragmentação partidária?
A entrada no Parlamento de partidos menores na última legislatura, sem cultura democrática, acabou por favorecer o Congresso porque chamou a atenção para os riscos de um caos no Parlamento [dominado pelas formações mais pequenas]. Os 20 deputados que faltam para uma maioria são uma ninharia. A UPA [Aliança Progressista Unida, coligação no poder] não se vai preocupar com isso. Está numa situação absolutamente confortável. Já não precisa de ir à caça dos pequenos partidos.
Quem são os vencidos?
O grande perdedor é o BJP, que tinha tudo para ganhar em 2004, falhou, e desde aí está num caos interno. Agora voltou a perder a oportunidade e arrisca-se a passar dez anos sem governar. Este é o fim da geração Vajpayee-Advani [ex-primeiro-ministro e o actual líder do BJP]. Advani foi o arquitecto do crescimento [dos nacionalistas hindus, na década de 1990], agora o partido vai ter de procurar um novo líder.
O segundo derrotado foi a esquerda. O Partido Comunista esteve associado ao caos do Verão passado. Ao retirar-se a meio ano das legislativas para se distanciar do Congresso [por oposição a um acordo nuclear com os EUA] ficou visto como oportunista. Para além disso, os comunistas mantêm uma linha ideológica conservadora que é uma contradição com as alianças que vai forjando com o grande capital.
E o terceiro perdedor foi a Terceira e Quarta Frente [alianças de partidos regionais e de castas], que nunca achei que fossem viáveis.
Francisca Gorjão Henriques

Rahul

Continuou por todo o fim-de-semana a glorificação de Rahul Gandhi nos media indianos. A lógica dinástica dos Nehru-Gandhi não é perpetuada pelo eleitorado, mas sim pela pela CNN-IBN e pelo Hindustan Times, braços mediáticos da máquina do Congresso.

Coincidências estratégicas

Enquanto que se anunciavam e celebravam os resultados eleitorais na Índia (incluindo no Tamil Nadu, que caiu nas mãos do Congresso), o Exército do Sri Lanka lançava a violenta ofensiva final contra os "tigres separatistas" do LTTE, anunciando-se agora a morte do seu líder histórico Prabhakaran. Parece que Colombo afinal sempre deu ouvidos aos pedidos do enviado especial de Nova Deli.