24.4.09

Meia democracia ou democracia inteira

É interessante o debate sobre se a Índia pode ou não ser chamada de “maior democracia do mundo”. Claro que o é, se atendermos à sua dimensão – e é para lá que se aponta quando se diz que é a “maior”. Os que contestam falam das desigualdades gritantes, da corrupção e de políticos criminosos que acabam por levar o selo democrático à conta deste exercício eleitoral.

Mas não deixa de ser espantoso que um país-continente onde, precisamente, convivem todos os extremos, tenha como garantida a eleição por voto directo do seu Parlamento. E isto é levado tão a sério que das mais de 828 mil estações de voto, há uma que foi criada para uma pessoa só: o senhor Darshandas, guardador de um templo na floresta de Gir, no estado do Gujarat. “Sinto-me honrado por as autoridades virem aqui buscar o meu voto”, disse ele à BBC.

O historiador indiano Ramachandra Guha chama “meia democracia” à realidade indiana. Eu diria que meia democracia é melhor do que democracia nenhuma. Perguntem ao senhor Darshandas.

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